Queria o corpo do meu marido', apela viúva de militar morto na Antártica

Já são cinco dias de espera pela chegada do corpo do segundo tenente da Marinha Carlos Alberto Vieira Figueiredo desde a identificação feita por meio de exame de DNA. Ele morreu com o segundo tenente Roberto Lopes dos Santos quando tentava apagar um incêndio que destruiu 70% da estação brasileira na Antártica no dia 25 de fevereiro.

Segundo a família de Carlos Alberto, a última informação passada pela Marinha foi de que a liberação do corpo precisava de uma autorização judicial. Na manhã desta quarta-feira (14), a família foi informada de que a autorização foi concedida pelo juiz, mas ainda não havia data para o translado do corpo do Rio de Janeiro para Vitória da Conquista.

A viúva do tenente falou pela primeira vez à imprensa, em entrevista para a TV Sudoeste, afiliada da Globo na Bahia. Para Dona Nilza, além do sofrimento pela perda do marido, a espera tem sido um desgaste emocional.

"É sofrimento dobrado, né, porque além da gente estar sofrendo pela perda, a gente está nessa expectativa, essa demora que traz mais sofrimento. São os parentes que vem, voltam, amigos que vem de longe, voltam, essa situação está muito difícil. Tem a minha sogra, que tem 86 anos e está sofrendo muito com isso também. Todo dia é uma expectativa, ansiedade, a gente não dorme direito, eu queria fazer um apelo, que queria saber o que está acontecendo, eu queria o corpo do meu marido mais rápido porque quem sabe o sofrimento é quem está passando", declara Nilza Costa Figueiredo, viúva do marinheiro.

Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira (14), a Marinha informou que o corpo do segundo tenente Carlos Alberto será transladado para Ilhéus em um voo da Força Aérea Brasileira ainda nesta quarta, de onde será transportado, por via terrestre, para Vitória da Conquista. Ainda segundo a nota, o laudo cadavérico das vítimas foi emitido na terça-feira (13). "As famílias continuam sendo mantidas informadas dos acontecimentos e apoiadas pelo Serviço de Assistência Social da Marinha", conclui a instituição militar.

Homenagem
Os dois militares mortos no incêndio na Estação Comandante Ferraz, na Antártica, foram homenageados no dia 28 de fevereiro, no Rio de Janeiro. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, no grau Cavaleiro, honraria concedida pela presidente Dilma Rousseff, e agraciados com a Medalha Naval de Serviços Distintos, da Marinha.

Carlos Alberto voltaria para o Brasil em março
Antártica (Foto: Vinícius Figueiredo/ Arquivo Pessoal)

Carreira militar  
Carlos Alberto Figueiredo estava há 29 anos na Marinha e a previsão era de que ele se aposentasse no próximo ano, segundo informações de seu filho. O segundo-tenente foi enviado para a Antártica em março de 2011 e deveria voltar ao Brasil no próximo mês.

De acordo com o relato do filho, Carlos Alberto se comunicava diariamente com a família, tanto por telefone quanto pela internet, e na última conversa teria reforçado o retorno dizendo que as malas já estavam arrumadas.

Incêndio em base na Antártica
(Foto: Armada de Chile/Reuters)

Entenda o acidente
A Estação Comandante Ferraz foi atingida por um incêndio na madrugada de sábado (25), que matou dois militares e feriu um. A Marinha do Brasil afirmou em nota no domingo que 70% das instalações da estação foram destruídas.

Todo o prédio principal da base, onde ficavam o alojamento e alguns laboratórios de pesquisa, foi atingido pelo fogo. Ficaram intactos os refúgios – módulos isolados usados apenas em emergências – e os laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera, assim como os tanques de combustíveis e o heliponto.

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