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05 outubro, 2011

Mulher de morto por Camaro diz que vai lutar para ver motorista na cadeia

Nilza no IML, no fim desta manhã, onde liberou o corpo do marido (Foto: Kleber Tomaz/G1)

“Quero justiça. Quero ver o culpado na cadeia. Vou lutar até o fim da minha vida para vê-lo atrás das grades”, disse nesta quarta-feira (5) a dona de casa Nilza das Graças Socorro, de 62 anos, mulher do motorista Edson Roberto Domingues, de 55, que morreu na noitede terça (4) após ter ficado cinco dias internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com queimaduras provocadas pelo acidente no qual seu carro pegou fogo após ter sido atingido por um Camaro.
O Camaro era guiado pelo estudante Felipe de Lorena Infante Arenzon, de 19 anos, que chegou a ser detido em flagrante pela polícia no dia 30 sob a acusação de tentativa de homicídio doloso, no qual há a intenção de matar, dirigir embriagado e fugir do local do acidente. Após três dias preso, ele foi solto ao pagar fiança de R$ 245 mil estipulada pela Justiça.
Com a confirmação oficial da morte da vítima, o delegado Marcos Manarini, do 28 Distrito Policial, na Freguesia do Ó, afirmou nesta quarta que Arenzon irá responder agora pelo crime de homicídio doloso consumado. “Em caso de condenação, ele poderá ficar até 20 anos preso”, disse o delegado que, no entanto, não irá pedir a prisão do suspeito após a conclusão do inquérito.
Procurado nesta manhã para comentar o assunto, o advogado de Arenzon afirmou que a defesa de seu cliente só iria se pronunciar após ser comunicada oficialmente sobre a morte do motorista.
As declarações da mulher de Domingues foram dadas nesta manhã após ela sair do Instituto Médico-Legal (IML). “É uma dor que não dá para dimensionar. A perda do meu companheiro é muito doída. Estávamos juntos havia cinco anos. Éramos muito felizes. Ele morreu enquanto trabalhava e o rapaz que fez isso continua livre. Isso é lamentável. Assim como foi o absurdo de soltarem ele”, disse Nilza, se referindo à fiança paga pela família de Arenzon.
Segundo a defesa do motorista do Camaro, os pais do estudante tiveram de vender um imóvel para pagar a fiança. Sobre o acidente, Arenzon se reservou ao direito de só falar em juízo, segundo o delegado Manarini. “O garoto nunca explicou oficialmente o que ocorreu. Em conversa informal com nossos policiais, ele havia admitido ter bebido e batido nos carros”, contou o policial nesta manhã.
Investigação
De acordo com a investigação, Arenzon saiu de uma casa noturna na Zona Oeste, pegou o Camaro e dirigiu embriagado pela Avenida Sumaré, circulando pela faixa exclusiva para motos, depois bateu em quatro carros que estavam na via. Posteriormente, atropelou duas pessoas perto da Ponte da Freguesia do Ó. E, por último, bateu em outros dois veículos na Avenida Inajar de Souza. Com a colisão, o carro onde estava Domingues pegou fogo. Ele teve mais de 90% do corpo queimado e foi internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HC. A morte dele ocorreu por volta das 23h de terça, segundo a assessoria de imprensa do hospital.
Apesar de não ter aceitado passar pelo teste do bafômetro, Arenzon foi submetido ao teste clínico que constatou que ele havia bebido antes do acidente, segundo o delegado Manarini. Dentro do Camaro foi encontrada uma lata de cerveja.
A família de Domingues ainda não sabe onde irá velar e enterrar o corpo do motorista. “Morávamos no Jaguaré. Talvez façamos tudo no cemitério da Lapa, mas nada está definido ainda”, disse Nilza.
Apesar de estar em liberdade, Arenzon tem de cumprir algumas determinações da Justiça. Uma delas é não sair do país e não estar na rua após às 22 horas. A polícia espera concluir o inquérito dentro de um mês. Após isso, o caso será levado ao Ministério Público, que decidirá se o estudante deve ser denunciado à Justiça pelo crime.

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