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18 maio, 2012

Presos acusados pela morte de Paulo Colombiano


A Polícia Civil da Bahia divulgou, em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (17), em Salvador, a identididade dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato do sindicalista rodoviário Paulo Colombiano e da sua companheira, Catarina Galindo, crime ocorrido em 2010, na capital baiana. O secretário de segurança pública do estado, Maurício Barbosa, o delegado geral da Polícia Civil, Hélio Jorge Paixão, e o diretor do Departamento de Homicídios, Arthur Gallas, forneceram as informações sobre o caso durante a entrevista coletiva.

Segundo a polícia, os dois homens presos em prédios de luxo na manhã desta quinta são donos da empresa Mastermed, responsável pelos serviços de plano de saúde prestados ao Sindicato dos Rodoviários na época do crime. Os dois são irmãos, um deles é da reserva da Polícia Militar da Bahia e também dono de um Atacadão localizado no bairro da Calçada. Na casa de um dos suspeitos foram encontradas quatro armas, entre elas uma escopeta, além de munições. O material foi apreendido e será encaminhado para perícia.

Armas apreendidas suspeitos de matar Galindo e Colombiano Bahia (Foto: Ida Sandes/ G1)A polícia informou que os outros três presos durante operação realizada nesta quinta trabalhavam como vigilantes no Atacadão em 2010. Um deles, segundo a polícia, confessou em depoimento que tem envolvimento direto no crime. Durante a operação, também foi apreendida uma pistola calibre 40. A polícia disse que a arma vai ser encaminhada para perícia. As vítimas foram mortas com tiros de uma pistola do mesmo calibre. Somente o resultado do laudo pericial pode apontar se a arma encontrada nesta quinta é a mesma usada no crime, afirmou a polícia.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), quatro presos vão ficar na Polinter, em Salvador.
O suspeito que é policial militar da reserva vai ser encaminhado para o Batalhão de Choque da PM, informou a SSP. Todos os envolvidos no crime presos até agora vão passar por acareação. A data para o procedimento ainda não foi marcada.

De acordo com polícia as investigações apontam que as vítimas foram executadas por dois motoqueiros, que ainda não tiveram suas identidades reveladas. Os ex-vigilantes teriam participação direta no crime, e teriam acompanhado a rotina de Paulo Colombiano e Catarina Galindo para planejar as execuções.

Segundo a polícia, as mortes foram motivadas por uma investigação interna feita por Colombiano nas contas do sindicato relativas ao pagamento dos gastos com plano de saúde, à empresa Mastermed. A polícia informou que, desde 2005, a empresa recebeu R$ 106 milhões do sindicato. Mas Paulo Colombiano, que era tesoureiro da entidade, desconfiou do pagamento de cerca de R$ 35 milhões dessa verba só com taxas administrativas. Além das irregularidades com o plano de saúde, ele teria descoberto dívidas junto com ao INSS, FGTS e Receita Federal e diminuído despesas geradas pela diretoria do sindicato.

Após a coletiva da Polícia Civil, o irmão de Catarina, Geraldo Galindo, afirmou que dias antes do crime o cunhado comentou que vinha recebendo ameaças por investigar as irregularidades nas contas do sindicato. "Agora me sinto mais aliviado com os rumos das investigações. Dias antes da morte, Paulo esteve em minha casa e disse que estava sendo ameaçado e que tinha até pensado em sair do posto de tesoureiro. Ele não aceitava essas irregularidades nas contas do sindicato", disse.
Durante a coletiva, a polícia não confirmou nem afastou a possibilidade de envolvimento de pessoas ligadas ao sindicato no crime.



Operação
Foram cumpridos os cinco mandados de prisão expedidos na operação da Polícia Civil contra os suspeitos de envolvimento nos assassinatos do sindicalista rodoviário Paulo Colombiano e a sua companheira, Catarina Galindo, crimes ocorridos em 2010. A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (17) e, além das prisões, a polícia busca ainda cumprer 14 mandados de busca e apreensão.

As primeiras informações revelam que, das cinco pessoas presas, duas estavam em edifícios de luxo no Corredor da Vitória, bairro nobre de Salvador. Uma delas é suspeita de ser mandante do crime. Os mandados incluiriam também a prisão de dois policiais da reserva da Policia Militar.

Segundo o Sindicato dos Rodoviários da Bahia, no início da manhã agentes de polícia foram à sede da entidade e recolheram documentos e computadores que pertencem à presidência e à tesouraria.
A operação de grande porte contou com apoio de 25 viaturas e cerca de 120 policiais, informa a corporação. Dois mandados de prisão foram cumpridos em apartamentos de edifícios de luxo no Corredor da Vitória, o Morada dos Cardeais e o Victory Tower.

A Operação é feita por agentes do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Companhia de Operações Especiais (COE), da Polícia Civil.

O caso
O crime aconteceu na noite de 29 de junho de 2010. O casal voltava para casa quando o carro em que estava foi atingido por tiros no bairro de Brotas, em Salvador. Os dois morreram na hora.
Colombiano era o responsável financeiro do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, que possui mais de 14 mil associados, 80 diretores e 52 funcionários. A folha de arrecadação é estimada em R$ 5 milhões por ano, verba atingida apenas com as mensalidades dos sócios. Após os assassinatos, foram contratados seguranças e instaladas câmeras para filmagem na sede da entidade.
Manoel Machado assumiu o cargo de presidente do Sindicato dos Rodoviários em novembro de 2010 e afirma que a maior preocupação da classe é o mistério sobre o crime. “Eu não sei o que ocorreu, é essa a nossa preocupação. Tudo o que nós podíamos imaginar foi passado para a polícia”, diz.

Em novembro do ano passado, sindicalistas questionaram a linha de investigação adotada pela polícia. Para Gervásio Firmo, chefe jurídico da entidade, o objeto principal da investigação estava desvirtuado. “Estava muito centrado nas finanças do Sindicato. Ou seja, a polícia parecia convencida, em um primeiro momento, de que aquele fruto tinha sido originado de uma disputa interna daqui, coisa que nós tínhamos certeza que não era verdadeiro”, relata.

Quatro meses após o crime, uma grave acusação veio da Força Sindical, um dos braços políticos dos rodoviários. O candidato derrotado nas eleições do Sindicato, Mário Cléber de Menezes Costa, afirma que a vítima era alvo de ameaças. “Paulo sempre teve ameaçada sua vida pelos dirigentes sindicais”.

O deputado estadual Jota Carlos (PT-BA) foi presidente do Sindicato dos Rodoviários por 16 anos e é secretário-geral licenciado. Para ele, as últimas eleições foram marcadas pelo descontentamento. “Muita gente não gostou que nosso agrupamento ganhou as eleições. Espero que a polícia descubra e caminhe nesse viés”, opina.

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