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11 maio, 2012

Profesossores continuam em greve na Bahia

Um grupo de professores ligados às escolas do bairro de Brotas, em Salvador, realizam passeata na região com intuito de esclarecer a população sobre a greve da categoria, que completa 31 dias nesta sexta-feira (11). A Transalvador informa que os profissionais seguem sentido Engenho Velho de Brotas. Por conta do ato, o trânsito está complicado na avenida Dom João VI, principal via do bairro.
"A caminhada tem o objetivo de comunicar para a sociedade o porquê dos professores estarem em greve. Temos faixas, cartazes, carros de som e entregamos uma carta à comunidade", afirma a professora Marilene Betros.

Marilene acrescenta que uma ação de maior proporção será realizada no sábado (12), na região do shopping Iguatemi, a partir das 10h. "Amanhã vamos bombar. Vamos distribuir cartas, além de rosas [simbolizando o Dia das Mães, no domingo], porque tem muitas mães que estão com salários zerados e não vão ganhar presentes ou preparar almoço", relata.
Os professores são afiliados à Associação dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB). O coordenador geral da entidade, Rui Oliveira, está em Brasília para participar de audiência com o Ministério da Educação. Na ocasião, ele irá entregar documento que descreve "as irregularidades relacionadas às condições dos profissionais de educação na Bahia", segundo afirma.
Outros dois atos de protestos estão programados pela APLB: um no domingo (13), na região de Pituaçu, onde acontece o clássico Ba-Vi, partida final do Campeonato Baiano, e outro na segunda-feira (14) em Lauro de Freitas, com intuito de comunicar a atitude dos professores à comunidade local.



Em greve , os profissionais da educação da Bahia pedem reajuste de 22,22% para todos os níveis da categoria. O governo, no entanto, afirma que irá seguir o projeto que enviou e foi aprovado pela Assembleia Legislativa: reajuste de 6,5% para todos os professores (assim como para os servidores estaduais) e 22% apenas para aqueles que dão aulas no ensino médio. A greve já foi considerada ilegal pela Justiça e o ponto dos grevistas foi cortado.

Dom Murilo negocia impasse

Na quinta-feira (10), o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil Dom Murilo Krieger se reuniu com representantes dos professores da rede estadual de ensino, na tentativa de mediar as negociações com o governo com o inutuito de encerrar a greve. "Ele recebeu uma comissão nossa, disse que falou com o governador, que estava intransigente, mas que insistiria e segunda-feira nos daria um retorno", diz Rui Oliveira sobre o encontro com Krieger.
O arcebispo também se reuniu no mesmo dia com o secretário da Educação do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto, que afirmou que o governo sempre esteve aberto ao diálogo com os professores. O secretário, segundo a assessoria do governo, também teria dito para Krieger que o valor pago aos professores está acima do piso nacional, com remuneração superior a de estados como Rio de Janeiro e São Paulo, além de oferecer um plano de carreira estruturado.
 
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QualidadeOs professoes da rede estadual de ensino entendem que há como repor as aulas suspensas pela greve da categoria, mas dizem que o importante a se discutir é a qualidade da educação no estado. "Se não tiver qualidade, a gente não chega em lugar nenhum", pontua a professora Silvana Santos.
A professora Graciene Nunes é uma das que também compartilham dessa opinião. "Os 200 dias letivos hoje existem, mas eu sou de uma época em que tinham 180 dias letivos. Nós sabemos muito bem que, quando nós retornarmos, se tivermos o tempo hábil necessário faremos um novo planejamento de todos os programas e conteúdo e isso [prejuízo] pode ser vencido", avalia.
A colega Zenaide Barbosa acredita que, além do conteúdo disciplinar, é importante ampliar o entendimento sobre o contexto social repassado ao alunado. "Eles têm de ter visão geral de cidadania, política e isso nós podemos repor. Eu trabalho em uma escola que tem educação profissional e nós não temos nada. Vamos formar meninos agora sem estágio, biblioteca, não tem a mínima condição. Então nós lutamos pelo reajuste salarial, mas também pela qualidade da educação. Essa educação conteudística é do século passado", opina.



Prejuízos

Os alunos da rede pública da Bahia, por outro lado, acreditam que sofrerão prejuízos diretos com a suspensão das aulas. (Veja no vídeo ao lado). "Fico em casa sem fazer nada, na internet, indo para a rua, pensando besteira. Por exemplo, quando eu estava estudando ficava menos tempo na internet", afirma Nathália Raíssa, da 7ª série. Danielle de Santana, aluna da 8° série, acredita que o conteúdo não será repassado com a mesma rotina quando ocorrer o retorno das aulas. "Os professores vão acelerar demais, pular muitas coisas", afirma.

Lorena Guimarães, aluna do 3° ano do ensino médio, quer prestar vestibular para biomedicina e estima prejuízo principalmente na disciplina que considera mais importante no processo seletivo, matemática. "Sem o estímulo dos professores fica meio difícil aprender tudo o que eu preciso. No Enem, tem ainda redação, português, fica difícil para a gente aprender sem eles, sem os professores. Não tem como recuperar, mesmo com o calendário de reposição, porque no fim de semana, em casa, estudando, fica difícil, a gente fica disperso", avalia.

Movimento grevista
A categoria realizou um café-da-manhã coletivo na segunda-feira (7) com frutas e mingau, em Salvador. Os professores aguardam um parecer do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) que deve julgar um mandado de segurança em que a categoria pede o pagamento dos salários do mês de abril. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), os cortes na folha vão de 30 a 100%.
Os professores disseram que encaminharam ao Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, uma carta aberta relatando a greve na Bahia. O documento também foi entregue ao Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, convidado a intermediar as negociações junto ao governo do estado.
Na quinta-feira (3), os professores se reuniram na Praça da Piedade, em Salvador, e realizaram a "Feira da Sobrevivência", com 15 barracas que vendiam frutas, legumes e verduras doados por feirantes de São Joaquim.

Reivindicações
Os professores querem reajuste de 22,22% no piso nacional. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio.
A greve já foi considerada ilegal pela Justiça e o ponto dos grevistas foi cortado. O departamento jurídico do sindicato da categoria (APLB) deu entrada em uma ação com pedido de liminar à Justiça na tentativa de derrubar a ordem que impõe multa diária de R$ 50 mil até encerramento da greve. Segundo o presidente do sindicato da categoria, Rui Oliveira, com o corte dos salários, os professores não vão repor as aulas perdidas durante a paralisação. O Ministério Público fez uma reunião no dia 24 de abril e se colocou à disposição para mediar o impasse entre a categoria e o governo.

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