Beto Barbosa começou sua carreira musical aos 30 anos. Deixou o ramo comercial e o sonho de ser empresário para cantar e dançar lambada. É autor de “Adocica” e “Preta”, hits tocados à exaustão nos anos 80, que ainda renascem nos carnavais da Bahia. Aos 57 anos, ele lança singles novos no site YouTube para manter-se ativo, e diz que se sente um homem visionário. Conta ter sido pioneiro ao unir música e dança em shows, casamento que hoje rende aos sertanejos lugares entre os 10 primeiros da Billboard.
(Ao longo desta semana, o G1 publica uma série de entrevistas com sete ícones da música brega. Famosos há cinco décadas, eles permanecem lançando CDs e hoje são reverenciados pela nova geração de cantoras da MPB)
“O forró com dançarinas no palco, o tecnobrega e o sertanejo de agora foram influenciados pela lambada que eu fazia antigamente. Eu comecei esse movimento, fui pioneiro.” Em 1985, quando inaugurou a requebrada nos palcos, Beto Barbosa era acompanhado por dançarinos. Um deles era o coreógrafo Carlinhos de Jesus.
Os passos de “Adocica”, aliás, foram criados pelo bailarino naquela época, mas também podem ser vistos nos shows da banda Calypso. Segundo Beto, o "bate cabelo" da cantora Joelma reproduz o que ele fazia no século passado. "Quem fazia esses movimentos era a Robertinha, minha bailarina e parceira do Carlinhos."
Igualdade
É por sua contribuição no ramo musical que ele eleva o tom da voz quando questionado se o rótulo de brega o incomoda. “Eu não entendo, nem nunca entendi, por que chamam minha música de brega. Que diferença ela tem das demais? Eu sou tão cult quanto a bossa nova.” (No vídeo, Beto se apresenta na edição de novembro de 1989 do programa musical Globo de Ouro)
A mesma agressividade não é vista no comercial de uma marca de cerveja da qual o cantor foi personagem. Na propaganda, Beto Barbosa é um dos "itens" considerados “queima-filme” em um churrasco entre amigos. Ele revela que aceitaria participar do comercial usando os demais acessórios citados como cafonas: terno verde de ombreiras, sunga de crochê, pochete e óculos escuros estilo new wave . Não se sentiu ofendido com o mote da campanha – adorou a ideia – e considera apenas uma brincadeira, sem nenhum juízo de valor.
Os balaios criados para definir gêneros musicais, entretanto, nunca o impediram de fazer sucesso. Ele acredita que conseguiu construir uma carreira sólida e se sente lisonjeado por ter suas canções regravadas, como é o caso de “Preta”, hit dos anos 80, que ganhou versão micareta ao ser interpretada por Ivete Sangalo.
singles e publicá-los na web (Foto: Divulgação)
Em seus shows, tais canções são obrigatórias. Embora ele se esforce para continuar quentinho no mercado, os antigos clássicos seguem aclamados pelo público. “Não posso deixar de cantar 'Adocica' e 'Preta' da mesma forma que o Roberto Carlos não pode deixar de cantar 'Emoções', e 'Desafinado' não pode faltar no show do João Gilberto.” Em cada apresentação, porém, ele garante que a música se renova. “Nunca canto da mesma maneira.”
Ainda assim, defende que o artista tem obrigação de produzir coisas novas. Para isso, divulga singles no YouTube e produz CDs em pequena escala para distribuí-los nos shows. “Não temos mais uma gravadora, lançamento, divulgação. Hoje vale produzir músicas, e não álbuns completos. É muito difícil emplacar uma nova canção. O que o Michel Teló conseguiu é raro atualmente.“
Solteiro, assume que o assédio já foi muito grande e perdura de forma menos intensa. Assim como acontecia com Wando e segue acontecendo com Sidney Magal, ele também ganha inúmeras lingeries de suas fãs. Além das roupas íntimas, muitas bijuterias e flores são atiradas durante as apresentações. Todos os “bens” doados, entretanto, são deixados para trás ao final do show. O único presente que ele guarda com carinho é um terço de dedo, arremessado por uma fã durante um show em Fortaleza. “Sou católico praticante, guardei esse terço com carinho. O resto não tem condições.”
Principais discos: Girando no Salão 2010, Só as melhores 2008, Nova Série 2007, 30 anos Warner - Beto Barbosa 2006, Overdose de Amor 2005 , B alada: Uma explosão de alegria 2003, Grandes Sucessos e Inéditas 2002, Claridade 2001, Forroneirando 2000 , Dance e Balance com o Beto Barbosa 2000, Dance e Balance Ao Vivo 1999 , Popularidade 1999, Girando no Salão 1998, Beijo Selvagem 1997, Dança do Mel 1996, Navegar 1995 , Dose Dupla 1995 , Ritmos 1994, Beto Barbosa 1993, Cigana do Amor 1992 , Dona 1991, Preta 1990, Adocica 1988 , Símbolo Perfeito1987 e Atos e Fatos1985.
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